Joe Jonas está esparramado em uma poltrona e as janelas dão para os fundos do hotel-butique do Soho, em Nova York. Na entrada, dezenas de fãs ensandecidas gritam desde cedo o nome do mais novo Jonas “brother” a embarcar na carreira solo. Mas Joe, de 22 anos, passa longe tanto do teen pop que caracteriza o grupo formado com os irmãos há seis anos quanto das baladas regadas a soul music marcantes do mano Nick Jonas. Sim, há muito R&B em seu disco de estreia “Fastlife”, mas a batida aqui é outra, mais contemporânea (com presença de Cris Brown e Lil’ Wayne) e reflete com exatidão a personalidade do mais arisco dos meninos de Nova Jérsey.
Antenado –ele adora conversar sobre os DJs mais interessantes nos quatro cantos do planeta– e decidido a contrariar expectativas mais óbvias, Joe falou sem rodeios, com exclusividade para o UOL, sobre suas paixões musicais, a vida amorosa (ele foi namorado de sua colega de filmes na Disney, Demi Lovato, mas se diz solto na vida), a coleção de composições suas que não cabem no Jonas Brothers e a vontade de tocar novamente no Brasil, agora sozinho, ou bem-acompanhado pela “amiga virtual” Vanessa da Mata, de quem é fã assumido. “Queria compor uma canção no Brasil e dividir o palco com ela. Escreve isso aí, quem sabe ela topa?”.
Sério e pensando bem antes de responder, mas ao mesmo tempo com um ar de espontaneidade, o rapaz se orgulha de se apresentar como um artista, cantor e compositor. E basta escutar pela primeira vez “Fastlife”, repleto de letras sobre separações amorosas e melodias dançantes agradavelmente pegajosas, para entender por que a imprensa dos Estados Unidos aposta em Jonas como sucessor natural de outro ídolo gerado pelo mundo encantando da Disney: Justin Timberlake. Mas será que Joe Jonas vai se contentar em receber do amigo mais velho a coroa do pop branco norte-americano?
UOL Música – Como estas meninas todas descobriram que você estava hospedado aqui?
Joe Jonas – É o boca-a-boca. Alguém posta no Twitter que me viu zanzando pelo hotel e pronto. As fãs brasileiras são, aliás, especialmente calorosas. Talvez por conta da barreira da linguagem, elas reagem quase que unicamente de modo físico. Mas estou mais tranqüilo em relação a isso. É uma energia legal. Como não ficar feliz?
UOL Música – Mas as meninas brasileiras terão alguma chance com você? Tenho que perguntar: você está solteiro?
Joe – Bem, neste exato momento, estou solteiro sim (risos). Mas ando tão ocupado que não consigo pensar em arrumar namorada neste momento. Andei namoricando aqui e ali, mas agora o momento é de focar na minha música.
UOL Música – Você esteve no Brasil com os seus irmãos. A experiência foi boa?
Joe – Inesquecível. As pessoas, os fãs, claro, mas a música pop brasileira também, que é única. Uma de minhas artistas favoritas hoje no planeta é a Vanessa da Mata. Ela me mandou, via YouTube, uma mensagem pelo meu aniversário. Fiquei tão feliz! Eu adoro o que ela faz, sempre que posso ouço e vejo, no computador, o que ela está fazendo.
UOL Música – E vocês se conheceram?
Joe – Agora eu vou parecer o fã maluco, mas a verdade é que eu gostei tanto da música dela que resolvi mandar uma mensagem dizendo que adoro a música dela. Alguém disse isso para ela e a gente começou a se falar. Mas eu adoro o Brasil por tantos motivos. Meu escritor favorito, o Paulo Coelho, é brasileiro, e o “O Alquimista” é meu livro de cabeceira desde sempre. A gente também ficou amigo…
UOL Música – Via Twitter…
Joe – (risos) Exatamente! Eu presto atenção em todos os posts dele e trocamos mensagens sempre que podemos. Estou muito curioso para começar a ler o novo livro dele, “O Aleph”. Ele acabou de mandar uma cópia em inglês, estou coçando as mãos para começar a ler. Também gosto muito da produção musical dele.
“Minha vida pessoal, o que sinto, está no disco para quem quiser ver. Sou eu só, mas fiquei mais nervoso por causa das pessoas e das histórias relacionadas a elas, que estão sendo de alguma forma expostas no disco. Elas vão saber” – Joe Jonas
UOL Música – Há uma possibilidade de você dar um pulo no Brasil, pela primeira vez sem os seus irmãos, em novembro, certo?
Joe – Sim, devo ir e adoraria fazer algo com a Vanessa da Mata, cantar uma música no palco. Adoro “Good Luck”, que ela fez com o Ben Harper. Queria fazer algo com ela também, compor algo mais dance, quem sabe?
UOL Música – Anos atrás você já dizia que queria fazer algo mais dance, mais “urban”. Era impossível migrar para esses ritmos dentro do Jonas Brothers?
Joe – Gosto muito do som pop que faço com meus irmãos, mas queria algo mais com a minha cara, mais desafiador do ponto de vista criativo. E, sendo bem sincero, também queria oferecer algo diferente para os fãs. Queria passear pela eletrônica, pelo hip-hop e trabalhar com outros produtores.
UOL Música – Um dos produtores do disco é o Danja, importante no trabalho de Justin Timberlake. Você diria que seu novo som tem a cara do Danja?
Joe – Sim, mas também do Brian Kennedy e até do Cris Brown, que me ajudou muito em encontrar a batida certa, o que eu queria dizer neste disco.
UOL Música – Você e Chris Brown escreveram junto uma música, “See No More”, mas você também decidiu cantar uma música dele, “Lighthouse”. Como foi essa escolha?
Joe – Aquela música não saía da minha cabeça. E ela bate aqui dentro, no coração, forte. Queria cantar, queria muito aquela música para mim. Pedi, ele topou e me disse: “mas vamos fazer algo juntos também”. Cris Brown é fantástico. Foi uma benção dividir o estúdio com ele.
UOL Música – Acha que ele ficou imaginando que o seu som seria algo como o dos Jonas Brothers?
Joe – Acho que sim, mas quando ele viu o que eu queria, foi legal ver a expressão de satisfação dele, identificando-se com o que eu imaginava para o disco.
UOL Música – Você mostrou todas as faixas para os seus irmãos? A opinião deles contou?
Joe – Sim. O Nick, por exemplo, adora “I’m Sorry” e “Lighthouse”. O Kevin gosta muito de “Kleptomaniac” e “Love Slayer”. É bem a cara deles, aquela coisa mais dançante é a cara do Kevin, e o som com mais camadas tem a cara do Nick. Foi cem por cento importante mostrar tudo em primeira mão para eles. Eles me conhecem em tudo, meus altos e baixos.
UOL Música – Você vai se apresentar agora em casas de show mais modestas do que os estádios gigantescos dos shows dos Jonas Brothers? O que acha da mudança?
Joe – Sim, vou. É interessante e, às vezes, um pouco bizarra (risos). Você consegue ver as pessoas de pertinho, te filmando, prestando atenção em cada movimento. E quando eles não conhecem a música, é fogo: ficam te encarando, colocando a imagem no YouTube, é muito louco.
UOL Música – Você se expõe bem mais em um disco solo do que se apresentando ao lado de seus irmãos? Foi algo que o preocupou?
Joe – Sim, não posso negar. Minha vida pessoal, o que sinto, está no disco para quem quiser ver. Sou eu só, mas fiquei mais nervoso por causa das pessoas e das histórias relacionadas a elas, que estão sendo de alguma forma expostas no disco. Elas vão saber. Mas queria que o disco fosse honesto. Quando compunha, sentia que precisava botar certas coisas para fora. Inclusive quando estava para baixo por algum motivo. E fiquei mais feliz depois que fiz isso.
UOL Música – Você ouviu algum disco específico enquanto gravava “Fastlife”?
Joe – Sim. O disco do Kanye West com o Jay-Z. Há algumas faixas que gosto mais do que outras, mas o disco, como um todo, é sensacional. Também ouvi muito “Torches”, da banda californiana Foster the People, tudo do [duo de eletro-funk canadense] Chromeo e muitas coisas avulsas de DJs mundo afora.
UOL Música – Você costuma ouvir seus DJs favoritos ao vivo, sair à noite?
Joe – Claro! Vou a clubes em Los Angeles e descobri que estou cada vez mais exigente com minhas noitadas, escolho a dedo quem vai estar tocando aonde (risos). Outro dia fiz este pente-fino em Paris e foi sensacional. Agora quero conferir a cena em São Paulo. Sabe que algumas batidas, tons, imagens vindas de sons tipicamente brasileiros já me inspiraram a compor?
UOL Música – Jura? E você compõe, então, músicas que imaginava colocar em um disco solo há tempos?
Joe – Sim. Tenho uma reserva hoje de umas 15 músicas que poderíamos ter colocado no disco. Às vezes estou conversando com amigos e digo: “com licença, já volto”, e gravo no meu celular uma ideia de letra ou melodia. Mais tarde eu vou para o estúdio e vejo o que saiu.
UOL Música – A imagem que temos dos Jonas Brothers é a de meninos bem-comportados do subúrbio norte-americano. Você se considera uma pessoa religiosa?
Joe – Fui criado por uma família cristã, acreditando em Deus. Claro, você cresce e toma suas próprias decisões, mas a religiosidade é um fator importante na minha vida e sinto-me abençoado por ter tido, até agora, a vida que vivi. Agradeço a Deus poder ganhar a vida desta maneira.
UOL Música – Podemos esperar por uma pitada gospel na salada musical de Joe Jonas?
Joe – Acho mais seguro seguir cantando sobre romance, amor e minha vida. Religião e política eu deixo nas mãos do Mick Jagger e do Bono, pelo menos por enquanto (risos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário